2. Espaços
a) O Parque Farroupilha é considerado um Patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico-Cultural, Natural e Paisagístico, com seção no Município de Porto Alegre[1]. Neste sentido consideramos que uma concessão sobre esta área fere os princípios e os objetivos que deram a condição de patrimônio cultural e ambiental ao Parque (por meio do COMPAHC – Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural -Inscrição no Livro Tombo N. 47; pg 52 e 94 de 03/01/1997). Cabe lembrar que em 19 de setembro de 1935, o Campo da Redenção, com histórico anterior valiosíssimo, recebeu a denominação de Parque Farroupilha através do Decreto Municipal nº 307/35. Atualmente, este patrimônio também chamado Parque da Redenção tem cerca de 36 hectares, quase a metade, dos originais 69 hectares, doados em 1807 pelo Governador Paulo José da Silva Gama.
b) A área do Parque Farroupilha foi sendo perdida, pelo menos em sua metade, por meio de alienações e construções, na maioria das vezes sem nenhuma relação com o objetivo de áreas verdes, por meio de mercados, lojas, restaurantes, parque de diversões cercado, colégio, abertura de vias e alargamentos viários, posto de gasolina, auditório e estacionamentos em áreas hoje externas e internas (junto ao Auditório Araújo Viana) vinculados a atividades estranhas ao parque. Cabe destacar que estão tombados a rica arborização, os jardins, os gramados e todo o tipo de vegetação, os seus passeios e caminhos, os ajardinamentos, os chafarizes, as fontes, os lagos, os espelhos d’água e demais recantos, incluindo o recanto Solar, o recanto Oriental, o recanto Europeu, o recanto Alpino, o roseiral, incluindo ainda o estádio Ramiro Souto, o Auditório Araújo Vianna, o Espaço Cívico e o Monumento ao Expedicionário. Cabe destacar que o Orquidário, que era tombado, foi demolido totalmente, sem consulta à comunidade e ao COMAM, e não refeito após danos decorrentes de condições meteorológicas. A grande maioria das plantas deste Orquidário, algumas ameaçadas de extinção (gênero Cattleya, por exemplo), foram abandonadas e acabaram morrendo no Viveiro Municipal, por falta de cuidados de sua manutenção. No lugar do Orquidário, foi incorporado um Centro de Alimentação, que interfere na vegetação e que não estava previsto em nenhum Plano de Uso deste espaço nobre e que se constitui em um Patrimônio do Município;
c) A administração técnica de nível superior do Parque Farroupilha foi retirada do local, inviabilizando ou prejudicando seu papel fundamental na gestão da área, que tinha tradição no acompanhamento cotidiano das atividades, com expertise, tanto das áreas verdes como dos demais serviços, prejudicando a garantia da manutenção de seus objetivos;
d) A SMAMUS, responsável pela área, deve apresentar ao COMAM um Plano de Uso do Parque, discutido com os técnicos da SMAMUS, o Conselho e com a sociedade, que destaque seu objetivo fundamental em manter a riqueza de áreas verdes e de todo o patrimônio tombado, não permitindo e/ou impondo limites ao desvio de finalidades desta área;
e) O Parque Marinha do Brasil e a Orla do Lami e demais espaços da Orla do Guaíba (Curso de água) gozam de proteção legal, de 500 m de Áreas de Preservação Permanente (APP), por meio do Artigo 4º da Lei 12.651/2012 (Lei da Vegetação Nativa, ou vulgo “Código Florestal”, situação que deveria vedar a transformação de áreas verdes em áreas de ocupação urbana, como vem acontecendo.
f) As notícias destacam que a Prefeitura alega que não teria recursos para manter estes grandes parques, principalmente no que se refere à segurança e proteção contra vandalismos, porém informações oficiais[2] são contraditórias, pois dão conta de que a prefeitura apresenta e segue apresentando Superávit[3] em 2022. Segundo o documento da Secretaria da Fazenda da PMPA denominado “Balanço das Finanças Públicas - 2021”, o resultado da execução orçamentária do exercício de ano de 2021 foi de superávit orçamentário de R$ 788,9 milhões, ou seja, 4,5% acima do resultado de 2020, em valores corrigidos (pg. 9). Por outro lado, a administração municipal não demonstra ou explicita seus gastos nos Parques da cidade.
g) Itens de Flora e Fauna inexistem no Projeto de Concessão, situação também destacada pelo ex-supervisor de Meio Ambiente da SMAM, Paulo Teixeira, em Opinião no Sul 21
h) Patrimônios do Estado não pertencem a governos eventuais, qualquer processo de mudança deve seer precedido de amplo estudo e de discussões democráticas, principalmente pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente, situação ainda sem esclarecimentos no COMAM.
Endereço: Avenida João Pessoa, s/nº, bairro Bom Fim
Área: 37,51 hectares
Inaugurado em: 19 de setembro de 1935
Contato: Unidade dos Parques Urbanos (prédio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos SmSURB)- Telefone: 3289-2241
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
[1] Marina I. O. Melo e Karina S. Dias. Parque Farroupilha, a natureza na cidade: práticas de lazer e turismo cidadão. Revista de Turismo Contemporâneo – RTC, Natal, v. 2, n. 1, p. 1-26, jan./jun. 2014.
[2] https://www2.portoalegre.rs.gov.br/smam/default.php?p_secao=201
Algumas Ávores do Parque
Nome comum | Nome científico | Família | Origem | Dispersão |
Açoita-cavalo | Luehea divaricata | Malvaceae | nativa RS/BR | vento |
Alecrim-do-mato | Holocalyx balansae | Fabaceae | nativa RS/BR | animais |
Angico-do-nordeste | Anadenanthera colubrina | Fabaceae | nativa - Nord. BR | vento |
Angico-vermelho | Parapiptadenia rigida | Fabaceae | nativa RS/BR | vento |
Aroeira-vermelha | Schinus tarebinthifolia | Anacardiaceae | nativa RS/BR | animais |
Batinga | Eugenia rostrifolia | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Butiá | Butia odorata | Arecaceae | nativa RS/BR | animais |
Cassia-aleluia | Senna multijuga | Fabaceae | nativa do BR | auto |
Cerejeira-do-mato | Eugenia involucrata | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Chá-de-bugre | Casearia sylvestris | Salicaceae | nativa RS/BR | animais |
chal-chal | Allophylus edulis | Sapindaceae | nativa RS/BR | animais |
Cocão | Erythroxylum argentinum | Erythroxylaceae | nativa RS/BR | animais |
Coqueiro-jerivá | Syagrus romanzoffiana | Arecaceae | nativa RS/BR | animais |
Eucaliptos | Eucalyptus spp. | Myrtaceae | Oceania | vento |
Guabiju | Myrcianthes pungens | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Guabirorobeira | Campomanesia xanthocarpa | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Guapuruvu | Schizolobium parahyba | Fabaceae | Nativa de SC e do resto do BR | Vento |
Ipê-amarelo | Handroanthus chrysotrychus | Bignoniaceae | nativa do BR | vento |
Ipê-roxo | Handroanthus heptaphyllus | Bignoniaceae | nativa RS/BR | vento |
Ligustro | Ligustrum lucidum | Oleaceae | Asia | animais |
Nozes-de-crivo | Pterocarya fraxinifolia | Juglandaceae | Asia | vento |
Paineira | Ceiba crispiflora | Malvaceae | Argentina | vento |
Pata-de-vaca | Bauhinia forficata | Fabaceae | nativa RS/BR | auto |
Pitangueira | Eugenia uniflora | Myrtaceae | animais | |
Pau-de-malho | Machaerium paraguariensis | Fabaceae | nativa RS/BR | vento |
Pitangueira | Eugenia uniflora | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Plátano | Platanus sp. | Platanaceae | Hemisf. Norte | vento |
Timbaúva | Enterolobium contorstisiliquum | Fabaceae | nativa RS/BR | |
Tipuana | Tipuana tipu | Fabaceae | Argentina | vento |
Ubajaí | Eugenia myrcianthes | Myrtaceae | nativa RS/BR | animais |
Umbu,cebolão | Phytolacca dioica | Phytolaccaceae | nativa RS/BR | animais |
Uva-do-japão | Hovenia dulcis | Rhamnaceae | Ásia | animais |
Nenhum comentário:
Postar um comentário