segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Relatório Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (Ministério da Saúde, 2016)

(Publicação do Vol. 1 do Relatório do Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016). Segue a Introdução deste trabalho, transcrita abaixo.

“A política agrícola de modernização no campo adotada pelos governos brasileiros a partir da década de 1960, denominada ‘revolução verde’, baseava-se na monocultura e no uso intensivo de agrotóxicos, incentivada por meio de isenções fiscais cedidas às indústrias químicas formuladoras de agrotóxicos. Esse modelo de desenvolvimento vem gerando impactos sociais e ambientais de curto, médio e longo prazos, os quais são custeados por toda a população por meio de gastos públicos com recuperação de áreas contaminadas, prevenção, diagnóstico e tratamento de intoxicações agudas e crônicas, afastamentos e aposentadorias por invalidez de trabalhadores rurais e até mortes por utilização dessas substâncias, sem que haja a socialização desses custos de responsabilidade direta das indústrias químicas. Em 2014, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) anunciou o aumento de 13% nas vendas de agrotóxicos no Brasil, com um faturamento líquido de US$ 12,2 bilhões (R$ 25 bilhões), contra US$ 11,5 bilhões (R$ 22 bilhões) em 2013, segundo dados aportados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Enquanto isso, o Brasil figura entre os maiores consumidores de agrotóxicos do mundo e os prejuízos à saúde humana e os perigos e acidentes envolvidos na sua manipulação são creditados ao seu “uso incorreto” e não à toxicidade das formulações e à imposição generalizada do modelo agroquímico de produção no País. (ABREU, 2014; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA, 2014).
Entre 2007 e 2013, a relação de comercialização de agrotóxicos por área plantada aumentou em 1,59 vezes (59%), passando de 10,32 quilos por hectare (kg/ha) para 16,44 kg/ha1. Nesse período, o quantitativo de agrotóxicos comercializados no País passou de, aproximadamente, 643 milhões para 1,2 bilhão de quilos, e a área plantada total aumentou de 62,33 milhões para 74,52 milhões de hectares. Isso representa um aumento de 90,49% na comercialização de agrotóxicos e uma ampliação de 19,5% de área plantada. Segundo o relatório da Anvisa e da Universidade Federal do Paraná (UFPR) (2012), o mercado nacional de agrotóxicos cresceu 190% entre 2000 e 2010, superando o crescimento mundial de 93%.
De acordo com os dados do Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), dentre os dez agrotóxicos mais consumidos no Brasil, por princípio ativo, no ano de 2013, o glifosato aparece na primeira posição, correspondendo a 411.343.703 kg, conforme a Tabela 1. O glifosato é um herbicida amplamente utilizado na agricultura brasileira e recentemente classificado como provavelmente cancerígeno para humanos (Grupo 2A) pela International Agency for Research on Cancer (IARC). (INTERNACIONAL AGENCY...; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).

Entre as inúmeras atividades que utilizam agrotóxicos, destacam-se a agropecuária, a produção industrial, as madeireiras, a silvicultura, o manejo florestal, a preservação de estradas, a saúde pública, o controle de algas, a desinsetização e a desratização. Desse modo, a utilização de agrotóxicos não se restringe ao meio rural e afeta, também, o meio urbano. A região do Brasil que apresenta a maior comercialização de agrotóxicos é a Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo, seguida da Região Centro-Oeste, com destaque para o estado do Mato Grosso. Com o aumento do uso de agrotóxicos no País, o risco de exposição da população a partir do trabalho e da contaminação do meio ambiente, da água e dos alimentos também vem aumentando. Devido a sua toxicidade intrínseca, os agrotóxicos produzem efeitos deletérios à saúde humana que variam de acordo com o princípio ativo, a dose absorvida, a forma de exposição e as características individuais da pessoa exposta. As consequências descritas na literatura compreendem alergias; distúrbios gastrintestinais, respiratórios, endócrinos, reprodutivos e neurológicos; neoplasias; mortes acidentais; e suicídios (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010).
Além disso, os grupos mais suscetíveis a esses efeitos são trabalhadores, crianças, gestantes, lactentes, idosos e pessoas com problemas de saúde. Segundo a Portaria MS nº 1.271, de 6 de junho de 2014, a intoxicação por agrotóxicos faz parte da Lista de Notificação Compulsória (LNC) do Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser notificada semanalmente por meio da ficha de 15 intoxicações exógenas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)2 por médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde que prestam assistência ao paciente; pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia, unidades laboratoriais e instituições de pesquisa. Em 2013, a incidência de intoxicações exógenas por agrotóxicos no País foi de 6,23 casos por 100 mil habitantes. No período de 2007 a 2014, houve um aumento de 87%3 dos casos notificados, sendo que o total acumulado no período alcançou 68.873 casos.
Entretanto, para garantir a identificação e notificação dos casos, bem como as estratégias de prevenção e de assistência, é imprescindível a organização e o fortalecimento das ações de Vigilância em Saúde Ambiental no âmbito dos estados e dos municípios.
Para tanto, é importante produzir e difundir protocolos diagnósticos e terapêuticos, qualificar profissionais e aprimorar os mecanismos e fluxos de registro e análise das informações. A exposição humana a agrotóxicos representa, portanto, um problema de saúde pública. Em face disso, a Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA) busca efetivar ações integradas de prevenção, promoção, vigilância e assistência à saúde de populações expostas ou potencialmente expostas a esses produtos."

1- Agrofit – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários e IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
2- A notificação deve ser imediata até 24 horas quando ocorrer acidente de trabalho grave, fatal e em crianças e adolescentes.
3- Dados parciais de intoxicação exógena por agrotóxicos notificados no Sinan em 2014.

Tema relacionado: CULTURAS GENETICAMENTE MODIFICADAS, GLIFOSATO E A DETERIORAÇÃO DA SAÚDE NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA)

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Plantas Alimentícias Não Convencionais - Revista Agriculturas, Agosto, 2016

Revista Agriculturas, V. 32, Ed. 2. Agosto, 2016, Editor Convidado: Paulo Brack

Nossa alimentação, na sociedade ocidental dita moderna, reflete a lógica da grande escala, que visa a supremacia da acumulação e do lucro sobre os demais valores. As monoculturas, no campo, representam o ápice de modelos que lucram com a sobretransformação da natureza e aniquilam a diversidade, hoje reconhecida como sociobiodiversidade. 

Tornamo-nos, assim, reféns das monoculturas da mente, como diria Vandana Shiva, mas também da produção de alimentos, uma vez que nossa dieta está baseada em pouquíssimas espécies e controladas por gigantescos oligopólios de sementes e de insumos da agricultura industrial. Já na virada do milênio, a própria Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) alertou para o fato de que 75% de nossas variedades de plantas cultivadas e animais domesticados desapareceram.

Entretanto, em cada canto do planeta onde existe vegetação diversa, com exceção das regiões cobertas de gelo na maior parte do ano, temos biomas e seus respectivos ecossistemas com excepcional diversidade de flora e fauna com potencial alimentício. Esse enorme manancial sempre foi destacado por Eduardo Rapoport, ecólogo argentino da Universidade de Bariloche e um dos maiores especialistas e entusiastas da diversidade da flora alimentícia presente em cada continente. Rapoport assinalou que a razão para a nossa monotonia dietética é que vivemos um imperialismo alimentar e gastronômico e faz duras críticas inclusive à manutenção do conceito depreciativo de ervas daninhas (malezas, em espanhol), muitas delas chamadas pelo cientista de buenezas (termo que, em português, poderia ser traduzido como ervas benignas). Ele aponta ainda que, em todo o mundo, pelo menos 1/3 das plantas assim denominadas são comestíveis, algumas com extraordinário valor nutricional, cultural e ecológico, como ressalta o artigo de Miguel Altieri (pág. 30).

Antes de Rapoport, o pesquisador alemão Günther Kunkel foi um dos pioneiros catalogadores desse assunto, tendo citado 12,5 mil espécies com potencial alimentício no mundo. Aqui no Brasil, cumpre destacar o trabalho do professor e pesquisador Valdely Kinupp, que estuda e dissemina o que chama de plantas alimentícias não convencionais (Pancs). Com base em vários autores e em seus próprios levantamentos, Kinupp destaca que entre 10 a 20% da flora mundial tem potencial alimentício, definindo esse tipo de plantas como aquelas que possuem uma ou mais partes ou produtos utilizados ou com potencial para a alimentação humana, tais como: raízes, caules ou tubérculos, bulbos, rizomas, talos, folhas, brotos, flores, frutos e sementes, incluindo o látex, resinas e gomas ou outras partes usadas para a obtenção de óleos e gorduras comestíveis. Esse conceito engloba ainda especiarias, plantas condimentares e/ou aromáticas, assim como as que são utilizadas como substituintes do sal, corantes alimentares, endulcorantes naturais, amaciantes de carnes e também fornecedoras de bebidas, tonificantes e infusões. Isso, no Brasil, representaria, pelo menos, de três a quatro mil espécies de plantas nativas.

Somente na região metropolitana de Porto Alegre, Kinupp encontrou 311 espécies de Pancs nativas. Em linhas gerais, podemos dizer que a metade das nossas plantas alimentícias é composta de frutas ou castanhas, enquanto a outra metade, de hortaliças e outros produtos. Podemos destacar também, por exemplo, a presença no Rio Grande do Sul de 201 plantas nativas com frutos e sementes comestíveis (o que chamamos de frutíferas). Desse total, cerca de 40% ocorrem no bioma Pampa e pelo menos 90% no bioma Mata Atlântica. Em termos biológicos, cerca de 60% das frutíferas no Rio Grande do Sul são árvores ou palmeiras, mas o dado que chama a atenção é que os 40% restantes apresentam uma grande diversidade de formas biológicas, como ervas, arbustos, trepadeiras e epífitas. Ainda no que se refere a frutíferas nativas do Brasil, é importante mencionar que, já na década de 1940, o botânico autodidata e um dos pioneiros da flora de São Paulo, Frederico Hohene, lançou a primeira obra abordando o que ele denominou de frutas indígenas brasileiras. Mas as Pancs não se restringem às plantas nativas.

Poderíamos estender o conceito a todas as plantas que não são convencionais em nossos cardápios ou não são produzidas em sistemas convencionais (agricultura industrial ou convencional), daí a designação de plantas alimentícias da agrobiodiversidade. Portanto, o conceito enfatiza as especificidades das biorregiões e das formas de produção. Assim, incluímos sementes crioulas e outras plantas associadas a diferentes culturas tradicionais e culturas alimentares, resgatando nossa riqueza étnica e fortalecendo a autoestima das comunidades em cada canto do País e também em cada canto do planeta.

A diversidade de plantas e também de animais deixa claro o enorme potencial de seu uso em variados sistemas de produção, dentro de um paradigma não produtivista, necessário e urgente. O cultivo e a utilização são crescentes, devendo permanecer associados aos sistemas agroecológicos, em especial aos sistemas agroflorestais (SAFs), sob o resguardo dos agricultores familiares e das populações tradicionais. As plantas nativas alimentares, ou as plantas alimentícias da agrobiodiversidade, podem ser uma forma de autoafirmação de nossa autonomia, não somente em seu uso in natura, como também em processados, desde que não na forma de industrialização dos grandes conglomerados e oligopólios. O conhecimento acumulado das comunidades humanas sobre essas espécies em cada região onde ocorrem promove o resgate da cultura alimentar e da medicina popular regional, além de novas receitas saborosas e saudáveis, o que anima os grupos de agricultores e produtores a reintegrar o ser humano à natureza.

Os artigos desta edição da Revista Agriculturas abordam essa ampla temática, ressaltando a necessidade de uma profunda releitura de nossa relação ecológica perdida com as espécies da biodiversidade. Os artigos trazem reflexões a partir de experiências realizadas na Etiópia, na Alemanha, em diferentes países latino-americanos e em vários estados do Brasil, com destaque para as iniciativas em curso na Bahia, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

sábado, 3 de setembro de 2016

Qual o papel do biólogo, em meio ao modelo de esgotamento atual?

No Dia do Biólogo, cabe o alerta  referente à situação da profissão que mais está ligada à vida e que também está sob o alvo da política rasa, dos fundamentalistas do crescimento econômico e do suposto resultado direto do que costumam chamar de desenvolvimento. Para isso, sempre é importante trazermos o contexto mundial e também nacional ou local para esta abordagem.

Em nível mundial, temos um cenário dramático da Sexta Extinção em Massa, reconhecida pelo desaparecimento em massa de muitas espécies, situação que ocorreu em períodos de dezenas ou centenas de milhões de anos devido a fenômenos naturais. Hoje, o fenômeno está sendo provocado pelas atividades econômicas ligadas a um modelo de crescimento ilimitado e concentrador, que quebra enormemente os ciclos biogeoquímicos da Biosfera e altera o clima planetário, com resultados catastróficos, anteriormente, pouco comuns. Modelo este que, em suma, degrada a natureza e compromete a vida das pessoas e o futuro das novas gerações. E em uma economia que concentra renda inédita, onde  1% da população mundial alcança a riqueza econômica equivalente ao restante dos 99% dos habitantes do planeta, sendo que os argumentos da lógica econômica reinante caem por terra.

No cenário nacional, seguimos sendo um país, como nossos vizinhos latino-americanos, exportador de matérias primas, com altíssima carga de esgotamento de recursos naturais e graves efeitos socioambientais colaterais, denominados de “externalidades”. Como exemplo, dos resultados nem sempre computados da economia, no final do ano passado, assistimos o maior desastre ambiental provocado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, do grupo Vale e BHP, em Mariana (MG). Quase duas dezenas  de mortos, centenas de lares e milhares de hectares de áreas de ecossistemas terrícolas e aquáticos destruídos, tudo isso para exportar milhões de toneladas de minério de ferro e "desenvolver" o país, voltando à lógica colonial. Assistimos a vida comprometida novamente pela ganância empresarial e negligência governamental.

Enquanto isso, igualmente,  segue no campo a supremacia a do modelo exportador , representado pelas commodities em escala extraordinária, com monoculturas de grãos, em especial a soja, para alimentar animais confinados em outras paragens, comprometendo ecossistemas originalmente florestais e biodiversos. No bioma Pampa, se plantam árvores, e na Amazônia se plantam capins e lavouras de plantas não florestais.  A venda de agrotóxicos, mesmo com as lavouras transgênicas, segue sendo campeã no Brasil.

Nas áreas urbanas, o apelo é para o consumo de bens de baixíssima durabilidade, como automóveis, por exemplo, a despeito da necessidade de investimentos em transporte público. A chamada infraestrutura, inclusive energética, baseada no resgate ao poluente carvão mineral e na retomada de megahidrelétricas sobre a Amazônia, é prioritária para manter o círculo vicioso exportador de uma economia sem perspectiva de futuro. Degradar a natureza segue sendo um bom negócio, para quem controla a economia. 

Neste momento, após o fatídico 31 de agosto, aprofunda-se o caminho insustentável, que poderá ser levado a cabo pelo grupo político mais corrupto e que assaltou o poder, num forjado “impeachment”, num cenário obscurantista de negócios escusos, via bancadas ruralistas, da mineração, da bala, e assim por diante.

Neste panorama pavimentado para o retorno do neoliberalismo, o costumeiro laissez-faire atropelador da legislação ambiental tende a vir mais forte. Vários projetos de lei tramitam no Senado e na Câmara com este intuito. E, paradoxalmente, este e outros profissionais, no caso do biólogo, que mais estudam e trabalham para a gestão e o  resgate da vida ecossistêmica com maior equilíbrio estão sofrendo e perdendo espaço de trabalho.

Os órgãos ambientais, sob a lógica crematística, governados por políticos de visão meramente eleitoral, financiados por empresas degradadoras, impõem forte restrição à atuação do biólogo e de outros profissionais da área ambiental, que emprega, ou deveria empregar, muita gente. Os estudos de impacto ambiental de baixa qualidade acabam sendo forçados a serem aceitos, por parte de chefias, desqualificando trabalhos importantíssimos e mantendo a mediocridade e a propaganda enganosa por parte de empresas nos EIA-RIMAs. 

Sendo assim, não nos resta outra alternativa que reverenciarmos o preparo técnico e nossas armas, via valorização de nossa biodiversidade vilipendiada, o conhecimento biológico na saúde, entre outras áreas, e irmos para a luta denunciando o ataque à nossa profissão, resgatando a economia verdadeira e a ecossoberania nacional. Os indicadores ambientais nunca estiveram tão de nosso lado. Existem milhares de espécies em via de extinção, e isso agora ninguém mais pode negar. As mudanças climáticas de origem da economia “business a usual” também são incontestáveis. Os ecossistemas e os biomas brasileiros devem ser melhor estudados, manejados e mantidos, também gerando renda quando possível, de forma sustentável, combatendo-se as monoculturas, inclusive as pesquisas que as incrementam. Os cursos de água e a atmosfera necessitam estudos com bioindicadores e monitoramentos, bem como a saúde humana depende da saúde ambiental.

Temos várias espécies desconhecidas para a Ciência. Algumas estarão desaparecendo embaixo de um megaempreendimento, sem sequer sabermos de sua existência. Temos, por exemplo, cinco mil espécies de plantas alimentícias e de outros tantos usos que dependem de biólogos, agrônomos, nutricionistas e outros profissionais para seu maior desenvolvimento aqui, já que dezenas delas já são alvo de biopirataria e fazem parte privilegiada da economia de outros países. Os diferentes órgãos de saúde e de meio ambiente devem valorizar este tema, que depende do conhecimento do biólogo.

O trabalho técnico não deve se curvar ao assédio moral, situação que é considerada crime, pois representa tentativa de impor o silêncio a este profissional que defende a vida. Situações que acontecem rotineiramente devem ser colocadas para fora e denunciadas, inclusive com processos na Justiça. Nisso, é necessário que não se tenha medo de delatar este tipo de ação no serviço público e também privado, em especial nos órgãos ambientais. Os chefes das pastas ambientais em todos os âmbitos, que tentam impor aos profissionais da área ambiental sua ingerência política, devem receber um basta de parte da Justiça. E os profissionais que trabalham na área técnica devem ter estabilidade, via realização de concursos, para que possam exercer de sã consciência sua profissão.

Mas para isso, o tratamento destes temas e a superação desta situação de estrangulamento da profissão, num dos momentos de maior necessidade, os Conselhos Federal e Regionais de Biologia, os Sindicatos de Biólogos e outras agremiações, organizações ou articulações tornam-se fundamentais para que o biólogo consiga exercer sua profissão, plenamente, com dignidade e alegria.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

PROJETOS DE HIDRELÉTRICAS NO RIO URUGUAI: PERDAS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS*



Paulo Brack[1], Eduardo Luis Ruppenthal[2], Ismael Verrastro Brack[3]

Origem autoritária do planejamento de empreendimentos de geração hidrelétrica, que segue a despeito do avanço do marco legal da sociobiodiversidade 


As grandes hidrelétricas no Brasil, e também para a bacia do rio Uruguai, são originárias de planos elaborados entre 1977 e 1979, resgatados em sua maioria no Programa de Aceleração do Crescimento de 2007 e em edições mais recentes. Fazem parte, portanto, de uma concepção de grandes obras derivadas do período militar, como as hidrelétricas de Itaipu, Tucuruí e Balbina, agregadas a uma concepção de outros megaprojetos como Transamazônica e Usinas Nucleares de Angra. Desde então, em um intervalo de três décadas e meia, o modelo hidroenergético que implica megainfraestrutura e extensas áreas de alagamentos segue imperando a despeito da perda do que resta dos territórios da sociobiodiversidade do Brasil, em especial da região Sul do País. De acordo com Bermann (2012):

Sob a influência de grandes grupos econômicos, nacionais e internacionais, e seus aliados políticos, que formam a base da “indústria das barragens” (dam industry) no Brasil, o governo federal construiu um sistema elétrico que prioriza fortemente a geração hidrelétrica, estimulando sub-setores industriais e atendendo o suprimento a determinados setores em detrimento de outros. Por este desenvolvimento histórico criou-se um emaranhado de interesses que não nos permite afirmar que possa existir uma capacidade previsível de planejamento além de um viés concentrado em hidrelétricas no lado da geração, menosprezando a eficiência energética e outras fontes, com a utilização de cenários de crescimento de demanda, sem o questionamento de seus pressupostos, (Bermann, 2012, p. 19).


Neste intervalo de tempo, a Constituição Federal do Brasil (1988) consolidou garantias para a conservação do meio ambiente e dos direitos humanos. A garantia de serem mantidos os processos ecológicos dos rios e de sua biota protegida mediante os impactos dos empreendimentos hidrelétricos está presente principalmente no seu Art. 225, que define em seu parágrafo 1o a responsabilidade do poder público em “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas” (inciso I), “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País” (inciso II) e “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (inciso VII). Além disso, a Constituição considerou a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira como Patrimônios Nacionais. Assim sendo, fica evidente na Carta Magna a necessidade de que qualquer atividade, e neste caso as hidrelétricas, não venha causar extinção de espécies com a transformação dos rios, em geral com corredeiras, em lagos de represas, também em biomas como a Mata Atlântica, no caso da bacia do rio Uruguai – situações graves que permanecem sendo negligenciadas.
Externamente, o Brasil assinou importantes acordos internacionais na área ambiental, destacando-se durante a Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, a chamada “Rio 92”, por meio da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), ratificada em 1994. Tivemos também a instituição da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), reconhecida pela UNESCO, no início da década de 1990, com destaque ao estabelecimento de três zonas: Zona Núcleo, Zona de Amortecimento e Zona de Transição. Como demonstração dos esforços do Brasil em implementar políticas internas nesse âmbito, dez anos após a Rio 92, em 22 de agosto de 2002, foi publicado o Decreto 4.339, que instituiu os princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Biodiversidade, fundamentada em conceitos referendados nas leis existentes e em novos temas e tratados internacionais em matérias afins pelo Congresso. A Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), depois de mais de 14 anos em trâmite no Congresso, foi aprovada e promulgada em 22 de dezembro de 2006, visando proteger e ampliar a extensão de 7,84% de cobertura original do segundo bioma mais ameaçado de extinção no mundo. No que se refere à territorialidade protetiva de todos os biomas brasileiros, em 2004 e em 2007, foram publicados os mapas das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade (APBio), a última versão pela Portaria do Ministério de Meio Ambiente (MMA) n. 09, de 23 de janeiro de 2007 (figura 1). É necessário enfatizar também que nestes últimos anos têm avançado os esforços para a atualização das listas de espécies brasileiras ameaçadas de extinção da flora (Port. MMA 443/2014), fauna (Port. 444/2014) e peixes e invertebrados (Port. 445/2014), incluindo as respectivas listas estaduais.
Na bacia do rio Pelotas-Uruguai, as políticas públicas em relação à proteção da biodiversidade têm uma dimensão especial: a presença do Parque Estadual do Turvo, criado em 1947, no estado do Rio Grande do Sul, onde estão abrigados os principais remanescentes florestais mais contínuos da bacia. No aspecto humano, cabe dar destaque também à criação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) por meio do Decreto n. 6.0407, de fevereiro de 2007. 


Figura 1 – Recorte do Mapa das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007), onde aparece o estado do Rio Grande do Sul (Fragmento do Mapa da Portaria n. 9 do MMA, de 23 de janeiro de 2007. Disponível em: http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/1189431095MMA___2006_mapa_areas_prior.gif   Acesso em 20 de fevereiro de 2015).
Em resumo, o marco legal de proteção à sociobiodiversidade avançou, mas os projetos de hidroeletricidade seguiram basicamente os mesmos, com algumas mudanças aqui ou ali. A premissa de que os rios são passivos de construção praticamente indiscriminada de hidrelétricas, transformando os ecossistemas de cursos d’água corrente em “escadarias” de grandes lagos de reservatórios, permanece até hoje vigendo no setor elétrico. Ignora-se o desaparecimento de muitos milhares de hectares de florestas, de modos de vida e de terras produtivas, bem como desprezam-se alternativas menos impactantes de geração e uso racional de energia (eólica, solar e bioenergética).
Uma grande contradição entre a localização prevista para os projetos de hidrelétricas e a biodiversidade pode ser exemplificada na comparação dos mapas dos empreendimentos do Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico (SIGEL) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e o mapa das áreas prioritárias para a biodiversidade (APBio, Port. MMA, n.9/2007) (tabela 1). Os resultados indicam que a maior parte das hidrelétricas (UHEs) no Brasil segue sendo construída (62,5%) e planejada (62,1%) nas áreas prioritárias, sendo que 50% dos empreendimentos em construção estão localizados justamente na categoria de “Extrema Importância”, denotando descompasso e contradição entre as políticas públicas. 
Tabela 1 – Número e percentual de empreendimentos hidrelétricos (UHE, acima de 30 MW, ou PCH até 30 MW) no Brasil em construção ou planejados, atingindo as Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira (APBio) (Port. MMA, n. 9 de 23 de janeiro de 2007), conforme cruzamento de dados disponíveis e obtidos em janeiro de 2015 no Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico / Agência Nacional de Energia Elétrica – SIGEL/ANEEL[1] e os dados do MMA[2].
Hidrelétricas
                           /Categorias


Extrema
(%)
Muito Alta (%)
Alta
(%)
Fora
(%)
Total APBio
(%)
UHEs em construção (8)
50,00
12,50
0,00
37,50
62,50
UHEs planejadas (261)
26,05
27,97
8,05
37,93
62,07
PCHs em construção (30)
16,67
23,33
3,33
56,67
43,33
PCHs planejadas (1720)
25,17
16,34
3,90
54,59
45,41


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Lista da Flora Arbórea Nativa de POA - Paulo Brack et al. (2016)

Família
Nome científico
Nome popular Hábito Vegetação
ANACARDIACEAE Lithraea brasiliensis Marchand aroeira-brava avm mm
ANACARDIACEAE Schinus molle L. aroeira-salso avb mb(b)
ANACARDIACEAE Schinus polygamus (Cav.) Cabrera assobiadeira  avt mb(b)
ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Raddi aroeira-salso avb mm(b)
ANNONACEAE Annona maritima (Záchia) H.Rainer araticum-mirim avt mp
ANNONACEAE Annona sylvatica A. St.-Hil. araticum avb mm
AQUIFOLIACEAE Ilex brevicuspis Reissek caúna avb ma
AQUIFOLIACEAE Ilex dumosa Reissek caúna avb mb
ARALIACEAE Schefflera calva (Cham.) Frodin & Fiaschi caixeta ava ma
ARALIACEAE Dendropanax cuneatum (DC.) Dcne. et Panch. pau-de-tamanco avm ma
ARECACEAE Bactris setosa Mart. tucum pal ma
ARECACEAE Butia odorata (Barb.Rodr.) Noblick & Lorenzi butiá pal ca
ARECACEAE Geonoma schottiana Mart. guaricana avt ma
ARECACEAE Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman jerivá avm mm
ASTERACEAE Dasyphyllum brasiliensis Spreng.  sucará-veludo avm mm
ASTERACEAE Dasyphyllum spinescens (Less.) Cabrera sucará avb mm
ASTERACEAE Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera cambará avb mb(b)
ASTERACEAE Baccharis angusticeps Dusén  vassourinha-da-praia avt mp
BIGNONIACEAE Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. ipê-verde avb mm
BIGNONIACEAE Jacaranda micrantha Cham.   carobão avm ma
BIGNONIACEAE Handroanthus pulcherrimus (Sandwith) S.O.Grose ipê-amarelo avm mp
BORAGINACEAE Cordia ecalyculata Vell. louro-mole avm ma
BORAGINACEAE Cordia americana (L.) Gottschling & J.E.Mill.  guajuvira ava mm
CACTACEAE Cereus alacriportanus  K. Schum. cacto-tuna avt ca
CANNABACEAE Trema micrantha (L.) Blume grindiuva avb mm(b)
CANNABACEAE  Celtis iguanea (Jacq.) Sarg.  taleira avp  mm
CARDIOPTERIDACEAE Citronella gongonha (Mart.) Howard congonha avm mm
CARICACEAE Vasconcella quercifolia A.St.-Hil. mamoeiro-do-mato avt mm(b)
CELASTRACEAE Maytenus cassineformis Reiss. coração-de-negro avt mb
CELASTRACEAE Maytenus dasyclada Mart.   avt mm
CHRYSOBALANACEAE Hirtella hebeclada Moric. ex A.P.DC. cinzeiro avm ma
CLUSIACEAE Garcinia gardneriana (Pl. et Tr.) Zappi bacupari avt mm
COMBRETACEAE Terminalia australis Camb. sarandi-amarelo avt mr
CUNONIACEAE Lamanonia ternata Vell.   guaraperê avm ma
CYATHEACEAE Alsophila setosa Kaulf. Xaxim-se-espinho avt ma
DICKSONIACEAE Dicksonia sellowiana Hook. Xaxim-bugio avt ma
EBENACEAE Diospyros inconstans Jacq. caquizinho-do-mato avb mm
ERICACEAE Agarista eucalyptoides (Cham. et Schl.) G. Don criuvá avt ca
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum argentinum O. Sch. cocão avb mm
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum deciduum St.Hil.   cocão avb mm
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum substriatum O.E. Schulz cacãozinho avt mm
ESCALLONIACEAE Escallonia bifida Link & Otto canudo-de-pito avt mm(b)
EUPHORBIACEAE Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg. tanheiro ava ma
EUPHORBIACEAE Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg. laranjeira-do-mato avb mm
EUPHORBIACEAE Pachystroma longifolium (Nees) Johnst. mata-olho avm ma
EUPHORBIACEAE Sapium glandulosum (Vell.) Pax pau-de-leite avm mm
EUPHORBIACEAE Sebastiania brasiliensis Spreng. leiterinho avb mm
EUPHORBIACEAE Sebastiania commersoniana (Baill.) Smith et Downs branquilho-de-beira-de-rio avb mr
EUPHORBIACEAE Sebastiania schottiana M.Arg. sarandi-vermelho avt mr
EUPHORBIACEAE Sebastiania serrata (M.Arg.) M.Arg. branquilho-de-morro avb mp
FABACEAE (Caesalpinoid.) Apuleia leiocarpa (Vog.) Mcbr. grápia ava mr
FABACEAE (Caesalpinoid.) Bauhinia forficata Link pata-de-vaca avb mm(b)
FABACEAE (Caesalpinoid.) Senna corymbosa (Lam.) H.S. Irwin & Barneby fedegoso avt mm(b)
FABACEAE (Caesalpinoid.) Senna pendula (Willd.) H.S. Irwin & Barneby fedegoso avt mm(b)
FABACEAE (Faboideae) Erythrina crista-galli L. corticeira-do-banhado avb mr
FABACEAE (Faboideae) Erythrina falcata Benth.     corticeira-da-serra ava ma
FABACEAE (Faboideae) Lonchocarpus campestris Mart. ex Benth. rabo-de-bugiu avb ma
FABACEAE (Faboideae) Lonchocarpus nitidus (Vog.) Benth.   canela-do-brejo avb mr
FABACEAE (Faboideae) Machaerium paraguariense Hassl. pau-de-malho avm ma
FABACEAE (Faboideae) Machaerium stipitatum (DC.) Vog. farinha-seca avm mm
FABACEAE (Faboideae) Ormosia arborea (Vell.) Harms olho-de-cabra avb ma
FABACEAE (Mimosoidae) Albizia edwallii (Hoehne) Barneby et Grimes pau-gambá avb mp
FABACEAE (Mimosoidae) Calliandra tweedii Benth. topete-cardial avt mr
FABACEAE (Mimosoidae) Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Mor. timbáuva ava mm
FABACEAE (Mimosoidae) Inga affinis DC. Inga-banana avm ma
FABACEAE (Mimosoidae) Inga marginata Willd. Inga-feijão avb mm
FABACEAE (Mimosoidae) Inga sessilis (Vell.) Mart.   Inga-ferradura avm ma
FABACEAE (Mimosoidae) Inga vera Willd. Inga-beira-de-rio avm mr
FABACEAE (Mimosoidae) Inga virescens Benth.   Inga-da-serra avm mm
FABACEAE (Mimosoidae) Mimosa bimucronata (DC.) O.Ktze. maricá avb mm(b)
LAMIACEAE Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke  pau-de-tamanco avb ma(b)
LAMIACEAE  Vitex megapotamica (Spreng.) Mold. tarumã-preto avm mm
LAURACEAE Aiouea saligna Meiss. canela-fogo ava ma
LAURACEAE Endlicheria paniculata (Spreng.) Macbr. canela-frade avb ma
LAURACEAE Nectandra grandiflora Nees avm ma
LAURACEAE Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez canela-preta ou fedorenta ava ma
LAURACEAE Nectandra oppositifolia Nees canela-ferrugem ava ma
LAURACEAE Ocotea catharinensis Mez canela-imbuia avm ma
LAURACEAE Ocotea diospyrifolia (Meiss.) Mez canela avm ma
LAURACEAE Ocotea puberula Nees canela-guaicá ava mm
LAURACEAE Ocotea pulchella Mart. canela-lajeana avm mm
LOGANIACEAE Strychnos brasiliensis (Spreng.) Mart. esporão-de-galo avt mm
MALVACEAE  Luehea divaricata Mart. et Zucc. açoita-cavalo ava mm
MELASTOMATACEAE Miconia hiemalis A.St.-Hil. pixirica-branca avt mm(b)
MELIACEAE Cabralea canjerana (Vell.) Mart. canjerana ava ma
MELIACEAE Cedrela fissilis Vell. cedro-rosa ava ma
MELIACEAE Guarea macrophylla Vahl pau-de-arco avb mm
MELIACEAE Trichilia claussenii C.DC. catiguá-quebra-machado avm ma
MELIACEAE Trichilia elegans A.Juss. pau-de-ervilha avt mm
MONIMIACEAE Hennecartia omphalandra J. Poiss. gema-de-ovo avb ma
MORACEAE Ficus adhatodifolia Schott.   figueira-purgante ava ma
MORACEAE Ficus luschnatiana  Miq.     figueira-branca ava ma
MORACEAE Ficus cestrifolia Schott figuera-de-folha-miúda ava mm
MORACEAE Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud.   tajuva avm mm
MORACEAE Sorocea bonplandii (Bail.) Burg., Lanj. et Boer cicho avb mm
MYRTACEAE Blepharocalyx salicifolius (Kunth) Berg murta avm mm
MYRTACEAE Calyptranthes concinna DC. guamirim avt mm
MYRTACEAE Campomanesia rhombea Berg guabiroba-crespa avb mm
MYRTACEAE Campomanesia xanthocarpa Berg guabiroba avm mm
MYRTACEAE Eugenia bacopari D.Legrand guamirim-pimentão avb mm
MYRTACEAE Eugenia florida DC. guamirim avb ma
MYRTACEAE Eugenia hiemalis Camb. guamirim-da-restinga avt mp
MYRTACEAE Eugenia involucrata DC.   ceregera-do-mato avb ma
MYRTACEAE Eugenia multicostata D.Legrand   araça-piranga, pau-alazão ava ma
MYRTACEAE Eugenia myrcianthes Nied. pesseguêiro-do-campo avb mp
MYRTACEAE Eugenia ramboi D.Legrand   batinga-branca avb ma
MYRTACEAE Eugenia rostrifolia D.Legrand batinga-vermelha ava ma
MYRTACEAE Eugenia verticillata (Vell.) Angely guamirim-uvá avt mm
MYRTACEAE Eugenia uniflora L. pitangueira avb mm
MYRTACEAE Eugenia uruguayensis Camb. guamirim-ligustro avb mm
MYRTACEAE Myrcia palustris DC.  guamirim avb mb
MYRTACEAE Myrcia glabra (Berg) D.Legrand guamirim-vermelho,ubá avb ma
MYRTACEAE Myrcia multiflora (Lam.) DC. cambuim-folha-larga avb mm
MYRTACEAE Myrcia selloii (Spreng.) N.Silveira camboim avb mp
MYRTACEAE Myrcianthes gigantea (D.Legrand) D.Legrand araça-do-mato avm ma
MYRTACEAE Myrcianthes pungens (Berg) D.Legrand guabiju avm mm
MYRTACEAE Myrciaria cuspidata Berg cambuim  avt mb
MYRTACEAE Myrciaria delicatula (DC.) Berg cambuim-folha-comprida avt mb
MYRTACEAE Myrciaria floribunda (West ex Willd.) Berg   cambuinzão avm mm
MYRTACEAE Myrrhinium atropurpureum Schott. guamirim-pau-ferro avb mm
MYRTACEAE Plinia rivularis (Camb.) Rotm. guaporetí, baporetí avb mr
MYRTACEAE Psidium cattleyanum Sab. araça-amarelo avt mb
NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole avm mm
OLEACEAE Chionanthus trichotomus (Vell.). P.S. Green  azeitona-do-mato avm ma
OPILIACEAE Agonandra excelsa Griseb. saputá, amarelão avm mm
PHYTOLACCACEAE Seguieria americana L. unha-de-tigre avp mm
PHYTOLACCACEAE Phytolacca dioica L.     umbú ava mm
PICRAMNIACEAE Picramnia parvifolia Engler pau-amargo avb ma
PIPERACEAE Piper amalago L.  pariparobá avt ma
POLYGONACEAE Ruprechtia laxiflora Meiss. marmeleiro-do-mato avm mr
PRIMULACEAE Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze capororocão avm mm
PRIMULACEAE Myrsine lorentziana (Mez) Arechav. capororoca-vermelha avb mm
PRIMULACEAE Myrsine laetevirens (Mez) Arechav. capororoca-do-brejo avb mr
PRIMULACEAE Myrsine loefgrenii (Mez) Otegui* capororoca avb mm
PRIMULACEAE Myrsine umbellata Mart. capororocão avm mm
PRIMULACEAE  Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. capororoquinha avb mm(b)
PROTEACEAE Roupala brasiliensis Klotz. carvalho-brasileiro avm mm
QUILLAJACEAE  Quillaja brasiliensis (A.St.-Hil. et Tul.) Mart. sabão-de-soldado avm mm
RHAMNACEAE Colletia paradoxa (Spreng.) Escal.  quina-cruzeiro avt ca
RHAMNACEAE Colubrina glandulosa Perk. sobrají avm ma
RHAMNACEAE Scutia buxifolia Reiss. coronilha avb mb
ROSACEAE Prunus myrtifolia (L.) Urb. pesseguêiro-bravo avm ma
RUBIACEAE Chomelia obtusa Cham. et Schl. rasga-trapo avp mm
RUBIACEAE Faramea montevidensis (Cham. & Schltdl.) DC. pimenteira-do-mato avt mm
RUBIACEAE Guettarda uruguensis Cham. et Schl. veludo avb mm
RUBIACEAE Randia ferox (Cham. & schltdl.) DC. limoeiro-do-mato avb mm
RUTACEAE Esenbeckia grandiflora Mart. pau-de-cutia avt mm
RUTACEAE Zanthoxylum caribaeum mamica-de-cadela avm ma
RUTACEAE Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. coentrilho avb mp
RUTACEAE Zanthoxylum rhoifolium Lam. mamica-de-cadela avm mm
SALICACEAE  Banara parviflora (Gray) Benth. farinha-seca avm mm
SALICACEAE Casearia decandra Jacq. guaçatonga avb mm
SALICACEAE Casearia silvestris Sw. chá-de-bugre avb mm
SALICACEAE Xylosma pseudosalzmannii Sleumer sucará avm mm
SALICACEAE Salix humboldtiana Willd. salgueiro ava mr
SAPINDACEAE Allophylus edulis (St.Hil.) Radlk. chal-chal avm mm
SAPINDACEAE Cupania vernalis Camb. camboatá-vermelho avm mm
SAPINDACEAE Dodonaea viscosa (L.) Jacq. vassoura-vermelha avt vp
SAPINDACEAE Matayba elaeagnoides Radlk. camboatá-branco avm mm
SAPINDACEAE Matayba intermedia Radlk. camboatá-branco avm ma
SAPOTACEAE Chrysophyllum gonocarpum (Mart et Eichl.) Engl. aguai-guaçu avm ma
SAPOTACEAE Chrysophyllum marginatum (Hook. et Arn.) Radlk. aguai-mirim avb mm
SAPOTACEAE Pouteria gardneriana (DC.) Radlk. aguai-de-beira-de-rio avm mr
SAPOTACEAE Pouteria salicifolia (Spreng.) Radlk. aguai-mata-olho avb mr
SAPOTACEAE Syderoxylon obtusifolium (Roem.et Sch.) Penn. coronilha-da-praia avm mp
SANTALACEAE Acanthosyris spinescens(Mart. & Eichl.) Griseb. sombra-de-touro avm mm
SANTALACEAE Jodina rhombifolia Hook. et Arn. cancorosa-três-pontas avb mp
SOLANACEAE Solanum mauritianum Scop. fumo-bravo avb mm(b)
SOLANACEAE Solanum pseudoquina St. Hil. canema avb mm
SOLANACEAE Solanum sanctaecatharinae Dunal canema-branca avb mm
SOLANACEAE Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. baga-de-jacú avt mm
STYRACACEAE Styrax leprosum Hook. et Arn. carne-de-vaca avb mm
SYMPLOCACEAE Symplocos tetrandra (Mart.) Miq. sete-sangrias-do-mato avb mm
SYMPLOCACEAE Symplocos uniflora (Pohl) Benth. sete-sangrias-do-mato avb mb(b)
THYMELAEACEAE Daphnopsis racemosa Griseb. embira avt mm
URTICACEAE Boehmeria caudata Sw. urtiga-mansa avt mm
URTICACEAE Cecropia pachystachya Trec. embaúba avm mm(b)
URTICACEAE Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini figueira-mata-pau ava mm
URTICACEAE Urera nitida (Vell.) P.Brack urtigão avt mm
VERBENACEAE Citharexylum montevidense (Spreng.) Mold. tarumã-de-espinho avm mm
VERBENACEAE Citharexylum myrianthum Cham. tarumã-branco avm ma