"Bem-vindo à sexta extinção em massa. Para quem ainda estava na dúvida, vale uma olhadinha na última edição da revista Science: pesquisadores concluem que a valiosa biodiversidade da Terra está sendo dizimada de maneira implacável – não pelos recorrentes processos naturais de extinção; e sim pelas atividades antropogênicas.
É verdade que, na natureza, espécies surgem e desaparecem a todo instante. Mas, de quando em quando, esses eventos assumem proporções drásticas.
E o que é, afinal, uma extinção em massa? Não há consenso sobre as especificidades técnicas desse conceito, mas, em princípio, assume-se que seja um evento no qual, em uma janela de tempo relativamente breve, constata-se o desaparecimento de pelo menos 75% das espécies de um determinado grupo."
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Em 2002, Edward Wilson, um dos maiores especialistas no tema da biodiversidade mundial, estimava que se extinguiriam cerca de 30 mil espécies por ano em decorrência das atividades humanas, podendo-se entender aqui as atividades das chamadas "sociedades modernas". Admitia que até o final do século XXI se extinga a metade das espécies existentes, em decorrência dos fatores como degradação de habitat, incluindo agora os fenômenos ligados às mudanças climáticas.1 Segundo o autor, cada fase de extinção - na escala já existente e prevista para as futuras décadas - levaria, pelo menos, 10 milhões de anos para se recompor aos níveis anteriores à perda. Tal situação, segundo ele, poderia ser chamada de a “Sexta Extinção em Massa”, fenômeno que é representado por situações extremas de perda de biodiversidade, já verificado em outros períodos geológicos.
Da mesma forma que Wilson, o paleontólogo norte americano Niles Eldredge2 assinala que a maior parte dos especialistas na temática da biodiversidade admite, também, que a Terra enfrenta uma perda crescente de espécies, de tal forma que ameaçaria concorrer com as cinco maiores extinções do passado geológico. Eldredge acredita que a atual crise da biodiversidade (“Sexta Extinção”) seria, provavelmente, ainda mais severa e iminente que aquela que Edward Wilson previu.
No que toca a outros resultados dessa alteração ambiental mais global, o Worldwatch Intitute acredita que cerca de 60% dos serviços (funções de regulação) dos ecossistemas (e.g., regulação do clima, água potável, tratamento de resíduos, pesca) estão sendo degradados ou usados de forma insustentável. E a perda ambiental estaria associada à cultura que incentiva as pessoas a definirem a sua felicidade e seu sucesso em termos de quanto eles consomem.
O uso dos recursos naturais globais se expandiu em 50% nas últimas três décadas. Esta tendência, juntamente com as taxas de crescimento da população, ainda é crescente e não considera os limites de um planeta finito como a Terra.
Na atualidade, as áreas naturais estão tornando-se cada vez mais impactadas, com maior fragilidade no que se refere a sua capacidade particular de resiliência. Na maior parte das vezes, a pressão sobre a diversidade biológica é decorrente dos efeitos da fragmentação de habitat, da extração seletiva de espécies, da expansão de espécies exóticas invasoras e pela completa substituição dos ambientes naturais por usos intensivos do solo, entre vários outros fatores, nas áreas com intervençãohumana.
Em 2002, os líderes governamentais da maior parte dos países, incluindo o Brasil, concordaram em atingir uma redução significativa na taxa de perda de biodiversidade até 2010. Para isso, elaboraram um conjunto de metas nas reuniões posteriores da Convenção sobre Diversidade Biológica, as chamadas “Metas da Biodiversidade 2010”. Entretanto, segundo o próprio Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, “o objetivo não foi cumprido”, tendo ressaltado que “as principais pressões que conduzem à perda de biodiversidade não são apenas constantes, mas estão, em alguns casos, se intensificando”.
1. WILSON, Edward O. The Future of Life.
New York: A. Knopf Publisher, 2002.
2. ELDREDGE, Niles. The Sixth Extiction. Actionbioscience. 2001