Os manacás fazem parte da família das Melastomatáceas (algumas que eram incluídas no gênero Tibouchina), lindas, desconhecidas e, portanto, negligenciadas no RS e no Brasil. Pelo menos a metade delas ameaçada de extinção, pela destruição da vegetação nativa e conversão em monoculturas ou em explosão imobiliária no litoral e regiões turísticas. Algumas levadas para o exterior fazem sucesso em outros continentes, enquanto aqui se plantam hortênsias asiáticas e outras exóticas que descaracterizam nossa paisagem outrora biodiversa...A seguir apresentaremos um conjunto de espécies do gênero Pleroma com nomes comuns inventados pela ausência de nomes populares conhecidos no Estado ou no Brasil, em decorrência do desconhecimento e negligência geral frente ao tema.
1. MANACÁ-DA-PRAIA, MANACÁ-VELUDO-DA-PRAIA (Pleroma urvilleanum)
Planta ornamental das restingas litorâneas do RS e litoral Sul do Brasil. Ameaçada de extinção (Em Perigo segundo o Decreto Estadual n. 52.109/2014). Negligenciada aqui, desconhecida dos brasileiros, mas levada para outros paises e continentes, sendo comercializada com nome de Princess Flower ou Glory Bush. Em sua região de origem não existe NENHUM VIVEIRO que a produza. Aqui, lamentavelmente, só se propagam e comercializam plantas exóticas. Segue foto de Capão Novo, Capão da Canoa, RS.
2. MANACÁ-DO-BANHADO (Pleroma asperius).
Espécie restrita às restingas úmidas do Litoral Norte e Médio do RS e Litoral
de SC, em areas úmidas submetidas a aterros para urbanização, está ameaçada de
extinção. Observação: as folhas têm pelos duros e ásperos, daí o nome do epíteto específico: asperius. Foto de Terra de Areia, com o professor e botanico João André
Jarenkow.
Detalhes sobre a espécies
https://www.scielo.br/j/rod/a/7Nmz3pyhKcv5JXjZmy4YGds/3. MANACÁ-DA-SERRA (Pleroma sellowianum), também chamada quaresmeira-serrana, é uma arvoreta belíssima e característica dos Aparados da Serra no RS e SC. Infelizmente, planta negligenciada e substituída pela arbusto asiático hortênsia que, pela xenofilia reinante, acabou caracterizando a chamada Região das Hortênsias...Foto do Itaimbezinho, Parque Nacional Aparados da Serra.
4. MANACAZINHO-DA-SERRA (Pleroma ramboi). Restrita aos Aparados
da Serra, é um arbusto baixo muito lindo, de barrancos úmidos, e se caracteriza
por ter cílios na margem das folhas. Deve ser incluída na lista de espécies
ameaçadas de extinção por seu endemismo à região dos Aparados. Tem nome
científico (ramboi) associado ao naturalista e botânico Balduino Rambo que
coletava milhares de plantas e incluía nas coleções de herbários, as chamadas
exsicatas de herbário.
5. MANACÁ-GRANDE-DO-BREJO (Pleroma
trichopodum). Lindo arbusto, alto e raro, estando ameaçado de extinção (Em
Perigo) pelo Decreto Estadual n. 52.109/2014. Tem potencial ornamental, mas é
desconhecido como todas as espécies de manacás nativos do RS. "Sirvam
nossas façanhas de modelo à toda Terra"? Foto de matas em beira de
lagoas quase desaparecendo, nos litorais de SC e do RS.
6. MANACAZINHO-DA-AREIA (Acisanthera quadrata). Rara e linda erva ou subarbusto do Litoral do RS, dos campos arenosos. Pouquíssimo conhecida e com enorme potencial ornamental.
7. MANACÁ-DO-CAMPO (Chaetogastra
gracilis). Erva comum dos campos do RS, mas apesar de seu potencial
ornamental é desconhecida e negligenciada como quase todas as centenas de
plantas ornamentais nativas do RS. Uma curiosidade: os campos de minha universidade (UFRGS) estão cheios delas em
flor, sabem por quê: a universidade não tem dinheiro para manter o convencional
corte raso da grama ou "campo de golfe". Bem feito! A natureza
agradece. Podem cortar os gramados, claro, mas deixem elas floresceram e os
bichinhos terem alimento e nossos olhos se encantaram com elas, ora bolas...
8. MANACAZINHO-DOS-CAMPOS-DE-CIMA-DA-SERRA (Chaetogastra riograndensis) Espécie descrita há 8 anos para o Parque Estadual de Tainhas, Jaquirana, nos Campos de Cima da Serra. Segue imagem do trabalho dos autores (Meyer e Goldenberg, 2016)
9. MANACÁ-BRANCO-DO-BREJO (Huberia
semiserrata). Linda e raríssima planta de matas de restinga úmida,
vegetação criticamente ameaçada pela conversão em arrozais no Litoral de SC e
RS. Desconhecida e negligenciada. Essa linda planta não é vista em viveiro nenhum.
Poderia ser propagada no Jardim Botânico de Porto Alegre.
Bibliografia recomendada:
Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, vol. 6. ISBN 978-85-7523-057-2 (online) Martins, A.B. (coord.) 2009. Melastomataceae In: Martins, S.E., Wanderley, M.G.L., Shepherd, G.J., Giulietti, A.M., Melhem, T.S. (eds.) Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. Instituto de Botânica, São Paulo, vol. 6, pp: 1-168
Flora do Brasil.
Flora e Funga do Brasil - Reflora .
https://floradobrasil.jbrj.gov.br
Laureano, M.H. 2020. Melastomataceae Juss. do complexo de Serras da Bocaina e de Carrancas, Minas Gerais, Brasil. Dissertação de Mestrado. UFU.
Santos et. al. 2022. Distribution of Pleroma
asperius (Melastomataceae) in Rio Grande do Sul, Brazil: spatial analysis
for conservation strategie. Rodriguesia 73.
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