Iniciando no Ecologismo
Paulo Brack começou sua
trajetória ecologista aos 18 anos, quando ingressou em 1978 na Agapan,
tendo influência de José Lutzenberger, Flávio Lewgoy, Hilda Zimmermann, Alfredo
G. Ferreira, Caio Lustosa, entre outros tantos. Na mesma época também ingressou
como estudante no Curso de Biologia da UFRGS, junto com o colega e
ambientalista Francisco Milanez e também influenciado por colegas estudantes no
Diretório Acadêmico do Instituto de Biociências (DAIB).
Era uma época rica em lutas ambientais, contra o corte de árvores, pela defesa
da Amazônia, pela defesa do Parque
Estadual de Itapuã, pela defesa do
Guaíba e da Lagoa dos Patos contra a poluição do Polo
Petroquímico de Triunfo, contra as hidrelétricas
do rio Uruguai, contra as Usinas
Nucleares de Angra dos Reis e os agrotóxicos, numa geração influenciada
pelo livro Primavera
Silenciosa, da bióloga Rachel Carson.
Em convênios entre a UFRGS e a SMAM, colaborou na elaboração do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Morro do Osso, além de ser um dos autores do Guia da Flora e Fauna do Parque Morro do Osso, coordenado pela bióloga Maria Carmen Sestren Bastos.
Entre 1993 e 1994, tinha atuado como pesquisador no Herbário do Museu de Ciências Naturais e no setor de Botânica da então Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
Durante muitos anos, realizou pesquisas com a flora do Parque Estadual do Turvo, sendo um dos autores de publicações sobre sua riqueza, desenvolvendo também aulas de campo neste mais amplo parque estadual de proteção intergal dio RS, na fronteira com Argentina.
Trabalhando na Administração Popular
Entre 1989 e 2003, durante a Administração Popular, trabalhou na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAM), na Coordenação do Ambiente Natural (extinta nos governos neoliberais) e como gestor da Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger. No local, foi idealizador da Casa Verde (espaço de educação ambiental e minimuseu desta UC) e coordenador do primeiro Guia de Campo das Espécies da Reserva Biológica do Lami (1992). Foi da equipe da Supervisão do Meio Ambiente, comandada por Sebastião Pinheiro e, posteriormente, Volney Zanardi, tendo lutado pela Area de Proteção Ambiental (APA) dos Morros de Porto Alegre. Foi também colega de Cláudio Langone (primeiro secretário da SEMA, no RS) e de Nilvo Silva (posteriormente diretor da FEPAM).
Outras atuações profissionais
Foi consultor na área ambiental, nas décadas de 1980 e início de 1990, principalmente na construção de estradas e mineração, ganhando experiência de atividades, muitas questionáveis, que buscavam licenças ambientais. Em 1989, denunciou o desmatamento de remanescente de mata brejosa, na construção da Rota do Sol (ERS 486), o que pode ter resultado, como compensação aos danos da retirada de vegetação e outros empreendimenos da região, a implantação da Reserva Biológica da Mata Paludosa, administrada pela SEMA. Atualmente, foi eleito também, como suplente, no Conselho Regional de Biologia do RS (CRBIO-3), para a gestão 2024-2028.
Políticas Públicas e Ativismo Ambientalista
É defensor das áreas naturais e rurais do município, destacando a importância da agrobiodiversidade e da agroecologia, em especial das feiras ecológicas, um diferencial de Porto Alegre. Foi o proponente e também executor do projeto Frutas Nativas de Porto Alegre, coordenado pelo biólogo Matias Köhler, em edital conquistado pelo Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), com a publicação de Cartilha sobre o tema, incluindo marcação de matrizes, oficinas e a produção de mudas de espécies frutíferas no Viveiro Municipal na então SMAM.
Tecnicamente, questionou o Loteamento Ipanema, da empresa Maiojama, em parecer realizado há mais de 20 anos, colaborando para o reconhecimento da existência de Mata Atlântica no local, em uma área de 13 hectares, com a presença de espécies ameaçadas de extinção não registradas pelo estudo de impacto ambiental, colaborando para o impedimento legal ao empreendimento até os dias atuais. Também elaborou pareceres, no Comam, em defesa de outras áreas naturais, contra os empreendimentos, no caso o Arado Velho (Pontal do Arado, em Belém Novo), Alphaville II, e em defesa das áreas verdes urbanas (Parque da Redenção, Parque Harmonia, Morro da Polícia, Morro Santana, etc.). Participou também de capítulos do Atlas Ambiental de Porto Alegre (1998) e do Diagnóstico Ambiental de Porto Alegre (2009). Denunciou, c om registros fotográficos, no Ministério Público Estadual e Ministério Público de Contas, a destruição e a concessão predatória do Parque Harmonia. Denunciou, por meio do InGá, no MPRS e na justiça o abandono do Viveiro Municipal por mais de 3 anos, o que resultou na obrigação da Prefeitura Municipal de retomar sua construção e funcionamento, hoje em recuperação e só voltado para plantas nativas de Porto Alegre e Rio Grande do Sul.
No InGá, também foi o idealizador do Fórum Sobre Impacto das Hidrelétricas no RS, e eventos realizados entre 2001 a 2008, colaborando tecnicamente e em mobilizações para o único indeferimento da licença para a usina hidrelétrica de Paiquerê, no rio Pelotas, entre Bom Jesus (RS) e Lages (SC), que ameaçava destruir 4 mil hectares do maior remanescente de floresta com araucária do sul do Brasil. Foi idealizador do livro Flora da Bacia do rio Pelotas: uso e conservação de espécies, com apoio de projeto do InGá financiado pela Fundação O Boticário.
Em 2020, esteve na luta conjunta com o Comitê de Combate à Megamineração no RS, contribuindo, em documento do Painel de Especialistas, na contestação do EIA-RIMA do Projeto Mina Guaíba, que visava a exploração de carvão mineral em Charqueadas e Eldorado do Sul em uma área de mais de 4 mil hectares.
Em março de 2024, recebeu a Comenda Porto do Sol, da Câmara de Vereadores, por iniciativa do vereador Pedro Ruas, por seu engajamento nas causas socioambientais de Porto Alegre.
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